04 novembro 2006

Magos e magias...

- Soube?
- Do quê?
- O Fantástico apresentou uma série de reportagens acompanhando uma viagem do Paulo Coelho...
- É!
- Aí Lula usou Paulo Coelho em sua última propaganda política..
- É!
- E Lula disse que houve uma “magia”, algo mágico aconteceu que o levou à vitória...
- É!
- Dá o que pensar, não?
- É...

2 comentários:

Anônimo disse...

Geraldo Alckmin foi longe demais

Artigo - Francisco Alberto Madia de Souza
Gazeta Mercantil
6/11/2006

Pela ótica de marketing, o candidato se superou e surpreendeu a todos. Mesmo derrotado, num placar arredondado de 40 x 60, Geraldo foi longe demais. A começar pelo Geraldo.
Não se muda uma marca na rampa de decolagem. Muda-se sim, mas com a necessária e suficiente antecipação. O erro não foi a decisão da mudança. O erro foi não adotar essa providência quatro anos antes, na campanha ao governo do Estado de São Paulo.
Foi longe demais por praticamente combater sozinho. Seus aliados pouco ajudaram, e muitos atrapalharam. Companheiros de equipe, por falta de ensaio, lealdade, incompetência ou arrogância incontida, desafinando no discurso, produzindo dissonância cognitiva e plantando desconfiança. Os caciques sempre presentes nas fotos erradas, e totalmente ausentes na hora da briga.
Foi longe demais pelo pouco tempo na janela da TV Globo. Seu adversário teve a vantagem de dezenas de milhares de "Gross Rating Points" (GRP), ou seja, pontos de audiência bruta, pelas quatro eleições à presidência da República, mais quatro anos de presença diária no Jornal Nacional. Assim, e na partida, para a maioria dos eleitores um quase ilustre desconhecido, contra um visitante diário a 25 milhões de lares, de todos os últimos anos.
Foi longe demais por cair em tentação. Diante da primeira provocação assumiu o "eu também sou contra as privatizações", renegando sua trajetória e histórico, degenerando, e abrindo mão da oportunidade de convencer, defendendo de forma consistente, suas crenças, convicções e ponto de vista. O marketing de qualidade é perseguir, sempre, o que é melhor para o cliente, ainda que na partida o cliente, por desconhecimento, possa não concordar. O que não é o caso das privatizações com tantos exemplos de sucesso em nosso País. A começar pelo telefone que faz a festa dos brasileiros.
Foi longe demais pelo choque de gestão. Levou tempo para desenrolar a língua, para dirigir-se de forma certa à totalidade das pessoas, e mesmo assim deixou muito a desejar em termos de acessibilidade plena no discurso. Falou para todos, mas não foi ouvido por todos.
Foi longe demais pela insuficiência de soldados. Mesmo debilitado, mesmo ferido e sangrando, mesmo vendo rolar a cabeça de parcela expressiva de seus líderes, indisfarçavelmente envergonhado pelas práticas criminosas de suas até então referências, os soldados do partido do presidente Lula revelaram-se infinitamente mais organizados e aguerridos. E nas trincheiras dos combates corpo-a-corpo prevaleceram, com folgas.
Foi longe demais pelo despreparo para a vitória. Como poucos dos que estavam a seu lado acreditavam em suas chances, não estavam preparados para aproveitar a oportunidade que se manifestou pela chance de um segundo turno. Em menos de 72 horas após o encerramento das apurações, não existia a menor dúvida que o momento passara, fora perdido, e a sensação prevalecente era de que se tratava apenas de uma bolha que o despreparo rapidamente esvaziou.
Foi longe demais por não saber tirar vantagem da desvantagem. Líderes se defendem, e desafiantes atacam. Ao desistir do ataque, privilégio dos que contestam e desafiam, concedeu ao líder a possibilidade de encurralar e nocautear. E líderes, por definição, devem ser impiedosos na defesa de seus territórios. E se o desafiante baixa a guarda, então...
Foi longe demais por conceder nos detalhes. E como se sabe, Deus e o diabo estão nos detalhes, fechando os olhos para favores e agrados injustificados e desmedidos oferecidos às pessoas de sua família.
Foi longe demais por contrariar sua natureza. Pessoa cordial e extremamente educada, de elegância única e exemplar, e na medida em que não contou com outros atores dos partidos que o apoiavam para desempenhar esse papel, tentou bater duro e forte com pouco ou nenhum sucesso.
E foi longe demais por contornar e superar todas as dificuldades da trajetória, a maior parte delas provocada por seus companheiros e aliados que quase todos os dias manifestavam, publicamente, não concordar e muito menos acreditar em sua estratégia de campanha e que acabou se revelando vitoriosa até a primeira etapa do processo. Mas como não concordavam e nem acreditavam revelaram-se completamente despreparados para conviver e capitalizar o sucesso momentâneo e pontual.
Assim, e sob a ótica do marketing de qualidade, Geraldo foi longe demais. Se superou, e surpreendeu a todos. Muito especialmente aos que estavam a seu lado e jamais acreditaram em suas possibilidades de vitória.

Kafé Roceiro disse...

Amigo,
é pura verdade tudo o que escreveu. Sua sensibilidade é impar.