06 fevereiro 2006

O reino imaginário do Rei Bondoso

- Soube?
- Do quê?
- Minha primeira fábula...

O reino imaginário do Rei bBondoso...

- Era uma vez, um reino imaginário, onde reinava um bondoso Rei. Que na verdade não era da realeza. Tinha sido um sapo, que foi transformado em príncipe graças à magia de uma fada madrinha, cuja vara de condão era armazenada em um cofre no exterior.
- Nesse reino, também existia um Marquês, pessoa adorada pelos comerciantes e pela corte, que gozando da confiança do Rei, tornou-se responsável pelas finanças do reino.
- O Marquês, que ganhou o título de Rio Claro, era muito responsável. Os cofres do reino andavam sempre cheios, às vezes causando incômodo de tão abarrotados. Era preciso gastar às pressas para que a população não percebesse. Contra vontade do Marquês, evidentemente.
- O populacho suspeitava que a nobreza tinha hábitos donjuanescos não contabilizados. Nada de relevante, apenas falatório do imaginário popular.

- Continue...

- O Rei era muito bondoso. Os nobres da corte abusavam da bondade do Rei e, por isso mal se acostumaram, não conseguindo viver sem suas benesses. Os nobres e ajudantes do Monarca até usavam de métodos não contabilizados para manter seus privilégios.
- Enfim, era um reino quase perfeito, mas era um reino. Muito democrático (sem excessos), onde a corte se reunia em sessão aberta para que o povo visse, com os próprios olhos, o labor dos nobres.
- Um belo dia, numa dessas sessões abertas, o sempre disponível Marquês do Rio Claro foi inquirido de forma curiosa por uma representante popular na corte. (Repito, era um reino muito democrático).

- Continue...

- Subitamente, o Marquês teve que se ausentar da sessão, por instantes.
- Uma moça muito observadora, prestadora de serviço, mas passando por dificuldades e, conhecedora dos costumes da nobreza, percebeu aquele desconforto.
- Naquele instante a moça resolveu usar seu conhecimento para obter vantagem junto ao Marquês.
- E conseguiu! Obteve do Marquês muitos benefícios. Pensava ela, corretamente, que, se a corte recebia benefícios, por que ela não poderia usufruir os mesmos?

- Credo...
- Pois é, mas a história não termina aí.
- Continue...

- O Marquês seguiu sendo extorquido, sempre que a moça passava por dificuldades.
- A moça tinha um pequeno negócio, um serviço exclusivo anti-ansiedade. Os membros (da corte) saiam bem relaxados dos encontros.
- Isso tudo nas barbas do Rei, que não sabia de nada.
- A corte, que sabia de tudo, mas gostava dos benefícios distribuídos pelo Marquês, a mando do rei, que era bondoso, não se importava. Achava que isso era problema particular do nobre guarda-cofre.
- Os comerciantes, apenas preocupados com o desempenho da economia, queriam manter o Marquês na função de guardião das finanças. Sabem como é, para não abalar os negócios. Mal sabiam os comerciantes que a moça tinha acesso a certas informações, das quais não fazia idéia da importância. Ainda bem, para o bem de todos.

- Continue...

- Até que o povo percebendo a extensão da gravidade, pediu a cabeça (acima dos ombros) do Marquês do Rio Claro.
- O populacho não achava correto que o Marquês, não conseguindo controlar o membro (da corte), usasse a cabeça para tais atos. Atitudes que comprometiam as finanças do reino, tornando-o alvo de extorsionários (aqueles que praticam extorsão).
- Por isso, exigiu de forma arbitrária (a paciência tinha se esgotado) a substituição do Marquês ou a cabeça do Rei. O Rei muito bondoso (adorava sua cabeça) atendeu a manifestação da população.
- Com isso o bondoso Rei pode continuar o seu reinado.

- Continue...

- Até que repentinamente, num dia escolhido para manifestação da liberdade popular, esvaiu-se a magia. E o bondoso Rei voltou a sua forma original.
- A população estarrecida não acreditava no que via. Desesperado, o Monarca chamou a fada madrinha e pediu-lhe novamente ajuda. Disse-lhe a fada que não tinha acesso mais à sua vara de condão, pois a mesma tinha sido perdida numa operação de lavagem do cofre.
- Pobre do bondoso Rei. O populacho do reino não aceitou a enganação. Aceitava tudo do rei, menos que fosse um sapo. Devolveu o Rei, agora sem o efeito da magia, para a lagoa junto dos seus. E o ex-Rei viveu muito mais feliz, pois estava em seu lugar.
- A população colocou no lugar do bondoso Rei, um novo Monarca que sabiam ser o que era. Conhecido de todos e, não produto de magia com prazo de validade.
- E assim terminou a história do bondoso Rei e o seu reino imaginário.

- Se deu certo o novo Rei? Não sei! Aí já é outra história, que não começou ainda ...

- Nossa... Que história fantástica!!!
- É, o ser humano é pródigo em imaginação...

5 comentários:

Anônimo disse...

Soube,

Li sua narrativa.

Deliciosa, como de hábito.

E ao percorrer o trecho da moça que possuía um "serviço anti-ansiedade", não pude deixar de lembrar do filme "A Noite dos Generais".

Meu caro, o país vive uma longa e tenebrosa noite.

Mas como em toda e qualquer noite, o amanhecer é mera questão de tempo.

O alvorecer é logo ali e espera por nós.

Sorte nossa.

Moita disse...

Soube?

Fim da história...

O Rei bondoso continuara bondoso mas bem longe do palácio, exilado numa ilha paradisíaca chamada São Bernardo do Campo.

Abraços

Anônimo disse...

Olá, Soube?

Quer dizer que estás com o espírito de La Fontaine e de Esopo?

Muito boa, a fábula.

De fato, beijar sapos não os transformam em nobres.
Apenas faz com que os lábios peguem uma infecção.

Um saudoso abraço.

Saramar disse...

Soube, boa noite.
Espero que a deliciosa fábula se torne realidade em outubro.
Contamos com varinha da fada madrinha, chamada voto.

Obrigada

Serjão disse...

Qualquer semelhança é mera coincidência (rs). Só acho que a primeira fada madrinha foram os pseudo intelectuais de esquerda que o galgaram a condição de nobre. Abs