A invenção dos ídolos foi o começo da prostituição e a descoberta deles introduziu a corrupção na vida. Eles não existiam no princípio, e não existirão para sempre. Entraram no mundo por causa da vaidade dos homens, e por isso o seu fim rápido já está decretado.
Um pai, atormentado por um luto prematuro, manda fazer uma imagem do filho tão cedo arrebatado. Agora honra como deus aquele que antes era apenas um homem morto, e transmite para as pessoas de sua casa ritos secretos e cerimônias. Com o tempo, esse costume ímpio se vai arraigando, e é observado como lei.
Era ainda por ordem dos soberanos que se prestava culto às estátuas. Como os súditos que viviam longe não podiam honrá-los pessoalmente, reproduziram sua figura distante, fazendo uma imagem visível do rei que veneravam. Desse modo, adulavam o ausente, como se estivesse presente. A ambição do artista promoveu este culto, mesmo entre aqueles que não conheciam o soberano. De fato, querendo talvez agradar ao soberano, o artista se esforçou, com sai arte, para torrá-lo ainda mais atraente do que na realidade era. A multidão, atraída pelo encanto da obra, considera agora objeto de adoração aquele a quem antes honravam apenas como homem. Isso tornou-se cilada para o mundo: homens escravizados pela desgraça ou pelo poder, impuseram à pedra e à madeira o Nome incomunicável.
Sabedoria 14, 12-21.
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