10 janeiro 2006

Entrevista José Dirceu - Parte 6

Entrevista de José Dirceu - Parte 6
Extraída do site www.lula.org.br – já tirado do ar.

12/09/02 • 07:29

(Transcrição sem revisão)

André Singer - Obrigado, deputado. Eu vou ler uma pergunta que chegou agora, por e-mail, que vem de Manaus, a jornalista Mariléa Amaral, de “A Crítica”, de Manaus. O governo do PT defende uma política agressiva de comércio exterior para que haja crescimento do mercado interno e externo. Num futuro governo do PT, a Zona Franca de Manaus poderá vir a ser uma ferramenta importante nessa política, transformando-se num centro exportador?

José Dirceu - O Lula esteve em Manaus e assumiu compromissos explícitos com o pólo industrial de Manaus, como nós preferimos chamar, até porque dois terços da população do Amazonas já está concentrado na capital. Acredito que nós temos que pensar o pólo industrial de Manaus como pólo exportador, mas também voltado pro mercado interno. Acho que como ele já está consolidado, o que é preciso agora é desenvolvê-lo. Há um compromisso explícito do Lula com o pólo industrial de Manaus, mas também com o desenvolvimento sustentável da Amazônia. Nós precisamos, com a experiência de governo do Amapá, do João Capiberibe e agora da Dalva Figueiredo, do PT, e com a experiência do governo do Acre, de Jorge Viana, nós precisamos desenvolver de maneira sustentável o extrativismo, que é importantíssimo, e a biodiversidade.
É preciso que o Brasil tome medidas imediatas, legais, e de políticas de desenvolvimento, na região da Amazônia, da pesquisa e da produção. Até porque o Brasil perdeu, nesses últimos anos, muito na indústria de fármacos, na indústria química, e precisa se recuperar, e nós temos na Amazônia a biodiversidade, antes que percamos o controle sobre essa biodiversidade, sobre a própria Amazônia, até porque eles estão querendo aprovar legislações internacionais que acabam cerceando o poder que um país como o Brasil deve ter. E vamos ter que pôr fim à exploração da madeira ilegal, clandestina, ou legal, mas na verdade, completamente destrutiva da natureza da Amazônia, mas quero repetir: sustentando a pesca, o turismo, o extrativismo, a indústria do pólo industrial, não pensar a Amazônia apenas – o que é importante mas não é suficiente- como um espaço de preservação do meio-ambiente do Brasil e da humanidade.
Vinte milhões de brasileiros e brasileiras vivem na Amazônia legal, e ela precisa de um projeto de desenvolvimento. O Lula se comprometeu com a reorganização da SUDAM, do banco BASA, e com o projeto de fortalecimento do município do poder local da Amazônia, porque nos últimos anos nós tivemos na Amazônia – e essa foi uma reivindicação expressa do prefeito Alfredo Nascimento, de Manaus, do PL, que apóia o Lula – uma concentração excessiva de poderes em torno da União e dos governos estaduais.
Evidentemente, numa região de grandes distâncias, de dificuldades de transporte, se o poder local, se o município não tem independência financeira, não terá a administrativa, e não poderá sustentar a economia local. Isso leva ao êxodo para as grandes cidades, para as capitais e a destruição da economia local, do interior, vamos dizer assim, da Amazônia.

2 comentários:

Anônimo disse...

Soube?

A amazônia deve ser gerida pelos amazônidas.
Todo conceito que se aplica e dar certo aqui, não da certo lá.

É outro mundo. Os Engenheiros Agrônomos daqui, por exemplo, não conhecem um quinto dos vegetais que medram lá.

Até os Egºs Civis que trabalham mais com as exatas, lá tem que "dexatar".

Nat disse...

André Singer entrevistando o Zé??? Hehehehe... não é à toa que retiraram do ar...